Analisando a blogosfera educativa, identificaram-se regularidades significativas, mesmo partindo de uma teoria de aprendizagem que entende o caos como característica do processo de ensino e do crescimento e formação das redes. Sentiu-se necessidade de colocar uma ordem no Mundo Digital, até para se poder definir o que deveria ser observado. As lógicas de interpretação dos regimes de justificação revelaram-se produtivas na comparação de cenários de aprendizagem no Conectivismo, porque a análise da blogosfera educativa através da literatura consultada, permitiu desenhar algumas situações contrastantes.
Concluímos que apesar de todas as potencialidades atribuídas aos blogues, o tipo de ensino praticado na via ensino do Ensino Secundário, que eleva o teste a método [1] não há tempo para a construção de blogues. Os professores queixam-se que os programas são extensos mas têm de ser cumpridos. Porém crê-se que seria vantajosa a existência de um blogue de recursos construído pelos professores, uma vez que a Web será certamente hoje o “manual” mais próximo dos estudantes. O argumento da perda de tempo na aula poderia ser ultrapassado, optando-se pela construção de um blogue da turma onde todos os alunos fossem colaboradores através dos seus tpc. Os professores que gostam de fazer todas as continhas para efeitos de classificação – perspectiva da justificação industrial – teriam o gosto de poder contabilizar os trabalhos de casa de cada estudante clicando simplesmente na respectiva etiqueta, além de terem os portefólios acessíveis a qualquer momento.
Quando a avaliação no Ensino Secundário alivia a sua pressão, é mais encontrar exemplos de construção de blogues educativos. Os cursos profissionais e as Novas Oportunidades ilustram estas situações face à via ensino. Nestes ramos do secundário encontram-se mais frequentemente experiências com blogues, porque o portefólio dos cursos profissionais pode ser efectivamente valorizado[2], e nas Novas Oportunidades todas as validações incidem sobre trabalhos que se vão acumulando no mesmo. Também se constataram as potencialidades dos blogues na personalização do ensino no caso dos alunos com Necessidades Educativas Especiais. Nestas situações predomina o interesse de integrar os estudantes na comunidade, razão porque se integram na justificação doméstica.
No ensino básico a avaliação também não é uma constante do quotidiano escolar, havendo tempo para as crianças se expressaram criativamente construindo blogues. Observe-se que com os alunos na escola o dia inteiro, também é preciso ser masoquista para optar por aulas discursivas, havendo oportunidade para realizar sessões práticas, onde os blogues constituem uma alternativa verdadeiramente interessante. Naturalmente que se justifica a opção em nome da motivação, etc. dos alunos (justificação doméstica).
A justificação doméstica é retomada no ensino superior, oferecendo maior autonomia aos estudantes, tal como suposto neste nível de ensino.
A reduzida penetração dos blogues no quotidiano escolar poderá atribuir-se parcialmente ao choque de culturas identificado por Prensky, pois enquanto as crianças aprendem com os amigos e familiares (no contexto doméstico) e possuem as competências básicas em computadores no 5º ano de escolaridade, os professores sentem necessidade de se adaptarem a um Mundo Digital que já não é o seu. Para o efeito precisam de fazer acções de formação (justificação industrial), mas muito provavelmente apenas se manterão actualizados os autodidactas.
[1] Estas palavras nem serão excessivas quando muitas aulas são passadas a resolver exames de anos anteriores ou em tarefas semelhantes.
[2] Entenda-se por “efectivamente valorizado” os critérios de avaliação preverem ~50% para os testes, ~50% para os blogues. Isto é importante porque se os testes tiverem uma ponderação de 90% os blogues não serão feitos.