Regime de justificação industrial: As crianças como futuros trabalhadores

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No regime de justificação industrial a criança é encarada como um futuro trabalhador. Portanto, os professores deverão treinar os alunos com as competências necessárias para que no futuro o seu trabalho seja mais eficaz. A verificação das aprendizagens faz-se no final do processo, sendo o exame a prova por excelência do sucesso.
O conceito de tarefa escolar entrou na pedagogia por transposição do conceito que Taylor criou para a indústria, onde as tarefas se encontram padronizadas. Estas são acompanhadas de instruções que as permitem executar com a máxima eficácia. Seguindo-as o sucesso é garantido. Reduzindo o aluno a um autómato, a justificação industrial apresenta a educação como um mero problema técnico. “O objectivo não é o saber, nem o saber-ser, mas uma série de saberes-fazer que a pedagogia por objectivos decompõe em sábias taxinomias, como o taylorismo tinha decomposto as tarefas industriais” (Derouet, 1992:106).
“A justificação industrial legitima um sistema de ensino demasiado abstracto, intelectual, individualista e egoísta” (ibidem). O funcionamento deste sistema exige que ele recorra à medição de desempenhos mensuráveis. O problema do sistema que se fundamenta na eficácia é que “no domínio da educação não existe uma definição precisa do produto esperado, nem os instrumentos são fiáveis para avaliar a sua qualidade” (ibidem). Como medir o “produto fabricado” pelo professor nas suas turmas? Como medir o “valor acrescentado” incorporado em cada aluno? Uma reflexão séria concluirá necessariamente pela impossibilidade de lhes responder satisfatoriamente, porque a educação não é mensurável.
Se for predominante esta concepção do estudante, que é dominante no 12º ano de escolaridade em resultado das preocupações com os exames nacionais, dificilmente serão utilizados blogues. Se forem, não passarão de uma ferramenta adicional de carácter facultativo, porque:
- o esforço reflexivo a que a sua escrita obriga não é compensado em termos de resultados, que se obtêm mais facilmente com um ensino formatador. No 12º ano supõe-se que aprendem todos a mesma coisa, ao mesmo tempo. Por isso, deverão todos ser avaliados ao mesmo tempo, pelos mesmos critérios, num teste;
- a avaliação de blogues é muito problemática.

 

Written by José Neto. Powered by Novos Templates para o Blogger