O Blogue como ferramenta tecnológica de aprendizagem
Em Portugal designa-se de Blogue, no entanto, Blog é uma abreviação de Weblog (rede, teia) e Log (registo). Jorn Barger foi o autor do conceito Weblog em 17 de Dezembro de 1997. Por sua vez, Peter Merholz fez a abreviação para blog. O motor de busca de blogues “Technorati” constatou existirem mais de 112 milhões de blogues em Dezembro de 2007.
O Blogue como ferramenta tecnológica de aprendizagem poderá ser utilizado como um recurso educativo ou enquadrado numa estratégia de ensino.
O blogue é utilizado como recurso se o professor fizer dele um repositório de materiais, com sínteses da matéria e sugestões de actividades para os alunos consultarem. O blogue será utilizado como estratégia pedagógica se a sua produção for da responsabilidade dos estudantes, remetendo-se o docente para a sua supervisão.
No entanto, é importante distinguir os diversos tipos de Blogues criados para diversos fins, tais como: pessoais que falam sobre a vida pessoal do seu criador, outros como portefólios digitais de trabalho e outros ainda de autoria colectiva, dinamizados por professores e alunos, por exemplo.
O tipo de Blogue que pretendemos explorar e justificar como ferramenta pedagógica é aquele que permite uma interacção e comunicação entre professores e alunos, e que desta forma tem uma autoria colectiva.
As características que potenciam esta particularidade pedagógica são entre muitas: o facto de o Blogue ser, na esfera virtual, público e acessível a todos; a possibilidade de interacção e comunicação entre professor e aluno, o professor ao tornar-se “digital” aproxima-se mais dos alunos; o registo cronológico de conteúdos que permite um acompanhamento em sequência dos temas e assuntos abordados; a abertura para que cada um se possa exprimir sem censura; o acesso a um conjunto de informações, pessoas e referências para outros recursos educativos; a sua forma inovadora e apelativa de transmissão de conhecimentos; a oportunidade de reflectir sobre o que se coloca permitindo um crescimento pessoal e profissional; dá aos alunos mais tempo de reflectir sobre o que foi dito em sala de aula.
Como recurso educativo inovador, o Blogue permite ainda a conjugação das suas particularidades com vários recursos multimédia muito apelativos. O professor assim como o aluno podem enriquecer os conteúdos colocados em “post” adicionando músicas, entrevistas, efeitos especiais, fotografias, vídeos, textos, gráficos, links, entre outros.
O Blogue como recurso estratégia de ensino poderá funcionar como um elo de comunicação entre professor e aluno. O aluno pode ter acesso aos temas discutidos na sala de aula ou até a um programa temático da disciplina que lhe permitirá preparar as aulas seguintes. Se o professor o entender, os alunos poderão também encontrar actividades temáticas extra que promovam a experimentação e posterior auto-avaliação. A forma como os alunos interagem e comunicam entre eles e com os professores no Blogue estimula a aprendizagem colaborativa.
O professor neste contexto de aprendizagem colaborativa assume o papel de mediador e coordenador de forma virtual dos trabalhos e comentários apresentados. O seu papel é também propor e incentivar actividades que promovam a aprendizagem e aplicar estratégias pedagógicas.
Em conclusão o Blogue, como ferramenta tecnológica que promove a aprendizagem colaborativa, permite a constante actualização do conhecimento adquirido, através da constante renovação de recursos. Os alunos têm a possibilidade de enriquecer os temas explorados na sala da aula através dos conhecimentos e experiências que trazem do mundo virtual e podem ainda continuar o seu processo de construção de conhecimento, iniciado na escola, quando chegam a casa através do Blogue.
O conectivismo como teoria de aprendizagem aplicada ao Blogue
“Connectivism presents a model of learning that acknowledges the tectonic shifts in society where learning is no longer an internal, individualistic activity. How people work and function is altered when new tools are utilized. The field of education has been slow to recognize both the impact of new learning tools and the environmental changes in what it means to learn.” (Siemens 2004)
O conectivismo é uma teoria de aprendizagem recente que surgiu para explicar o efeito da tecnologia na forma como as pessoas vivem, comunicam e como aprendem.
Esta teoria defende que a construção de conhecimento, ao contrário de outras teorias mais tradicionais como o behaviourismo e o cognitivismo, é possível através do desenvolvimento de conexões em rede.
A aprendizagem na era digital deixou de ser um processo que se desenvolve ao nível do indivíduo mas ao nível do grupo. A construção de conhecimento é assim um processo de constante actualização através do grupo.
Por ser uma teoria recente, mas que efectivamente reflecte uma nova dinâmica na sociedade em termos de aprendizagem, o seu processo de integração na Educação como estratégia pedagógica ou como forma de explorar novos recursos educativos ainda não foi totalmente reconhecido.
Os princípios do conectivismo assentam nas seguintes noções: o conhecimento reside numa rede (pessoas ou organizações) e desta forma também podemos falar em conhecimento distribuído; o conhecimento poderá existir, para além do ser humano, em diferentes equipamentos tecnológicos; o que sabemos hoje pode não ser importante no futuro, já que a informação que recebemos está em constante evolução, é um processo contínuo que ocorre ao longo da vida; e finalmente mais importante do que aquilo que sabemos num determinado momento é a nossa capacidade de adquirir mais conhecimentos e de adaptação a novas realidades.
De acordo com o Conectivismo, muito do conhecimento adquirido é também construído em ambiente informal, o que nos remete para a importância do Blogue como ferramenta tecnológica que potencia a aprendizagem colaborativa.
O Blogue, em contraste com a sala de aula, fomenta um ambiente informal de aprendizagem e troca de conhecimentos. Está em constante reciclagem de recursos e informação através da sua rede de trabalho (alunos e professores), de forma a acompanhar a evolução tecnológica e responder às necessidades dos seus utilizadores, e permite a construção de conhecimento em grupo/rede através da partilha de ideias, experiências e reflexões.
Em suma o Blogue, com base na perspectiva da Teoria de Aprendizagem do Conectivismo, pode ser uma ferramenta poderosa no processo de aprendizagem de uma rede de trabalho por constituir um elo de interacção e partilha entre membros do grupo, de uma forma dinâmica e evolutiva.
Siemens G., (2004), Connectivism: A Learning Theory for the Digital Age. Retrieved: December 12, 2004 from: http://www.elearnspace.org/Articles/connectivism.htm
O blogue como ferramenta
Etiquetas: FERRAMENTA, trabalho | author: José NetoTemas de Trabalho
Etiquetas: trabalho | author: José NetoEunice Afonso - Inclusão
Cristina Pereira - Discriminação em Contexto Educacional
José Neto - Preconceito
Liliana Vidal - Bullying
Telma Mendonça - Identidade
Proposta de desenvolvimento do trabalho
Etiquetas: trabalho | author: José Neto1 - Motivação - Cada actividade deve pensar a motivação dos alunos para as tarefas. O blogue só por si não é nenhum factor de motivação. Alguns alunos, que se sentem mais à vontade em português, em informática e na generalidade das matérias adoram os blogues, mas para a maior parte, como dão mais trabalho, são uma tarefa a evitar.
2 - Objectivos - Um objectivo genérico que já referi consiste na melhor aplicação dos estudantes nas tarefas, visto que terão maior audiência. Aprendem a escrever melhor e outros genéricos não negligenciáveis. Além disso, cada actividade terá objectivos próprios.
3 - Destinatários - A área de CIDADANIA E PROFISSIONALIDADE existe nos EFA para maiores de 18 anos. Pelo que tenho lido, é exactamente quando o público é heterogéneo que os blogues dos alunos se revelam mais interessantes, porque diferentes. Portanto proponho que pensem neste público.
4 - Calendarização - Nos EFA temos 67 sessões para dar 4 blocos de matéria, ditos DR's ou RA's segundo a nova terminologia. Em termos práticos, cada bloco de matéria não deverá exceder as 16 horas. Mas em vez de pensar numa actividade de 16 horas também se pode pensar em duas de 8 horas ou em quatro de 4 horas cada...
5 - Conteúdos e actividades a desenvolver - Cada qual verá para o seu tema
6 - Recursos - Cada qual verá para o seu tema
7 - Avaliação - O melhor que consegui fazer até hoje foi a correcção de blogues em folhas de Excel (cada aluno uma coluna/cada post uma linha) e ia assinalando com alíneas o que cada um precisava de corrigir.
É muito trabalhoso, mas é a única forma séria de fazer avaliação formativa. Temos que ter poucos alunos.
Ponto da situação após 3º MSN (30/Maio)
Etiquetas: Ponto da situação | author: José Neto1 - Motivação
2 - Objectivos
3 - Destinatários
4 - Calendarização
5 - Conteúdos e actividades a desenvolver
6 - Recursos
7 - Avaliação
Experiências com blogues em Portugal
Etiquetas: Portugal | author: José NetoUma razão para utilizar blogues:
Kennedy (2003) afirma que a escrita de blogues é uma actividade aliciante que encoraja o desenvolvimento individual do aluno e o envolve na própria avaliação. Aliás, o facto de cada post, uma vez publicado, estar disponível para leitura e comentário, torna a tarefa de avaliação necessária e útil. Há uma melhoria no envolvimento na tarefa, na própria produção escrita, um maior cuidado e uma eventual reformulação. (p. 5)
Isto foi escrito na perspectiva do ensino do Português, mas a melhor utilização da língua também é uma responsabilidade da Cidadania e de todos os professores.
O texto apresenta três experiências de utilização educativa dos blogues, que creio interessantes.
http://arquivostese.no.sapo.pt/Com_WeblogsEduc_TPombo.pdf
PS - Se guardasse o arquivo no Google Sites ficaria com a garantia de não o perder. É por isso que nos meus blogues aparecem uns links que dizem BACKUP ;)
Notas de pesquisa sobre blogues
Etiquetas: pesquisa | author: José NetoOs blogues são mais utilizadas em contexto pessoal que em contexto educativo
http://repositorio.ipv.pt/bitstream/10400.19/505/1/media_participativos.pdf
Gráfico 1 – p. 170
Uma Tese de Mestrado concluiu que a utilização de blogues é adequada ao ensino da Matemática nas Novas Oportunidades:
O estudo permitiu concluir que o uso de tecnologias informáticas, como o blogue, e uma abordagem matemática centrada nos padrões, em que se privilegiou a estratégia da WebQuest, contribuiu efectivamente para desenvolver apetências e competências tecnológicas, ao nível da navegação e exploração de recursos na Internet e para uma maior e melhor apropriação do sentido de padrão, bem como da construção duma imagem mais correcta e positiva da Matemática.
http://biblioteca.sinbad.ua.pt/Teses/2010001679
Outro aspecto importante dos blogues. O caso dos alunos com Necessidades Educativas Especiais. Tese de Mestrado afirma que a utilização de blogues promove a interacção entre estas famílias e que os blogues, por sua vez, tendem a estar associados à construção de uma mais próxima relação entre a família e a escola.
http://biblioteca.sinbad.ua.pt/teses/2010001671
A Web 2.0 na educação para os valores: problema ou desafio? – Tese de Mestrado
Importante: Figura 3 – Blogue como estratégia vs. Blogue como recurso p. 62
Eu acho que o professor deverá construir um repositório de conteúdos pré-seleccionados, sínteses, links, etc. (blogue de recursos) e os alunos deverão materializar as suas actividades, pesquisas, sínteses, reflexões, trabalhos, etc. editando outro blogue (blogue como estratégia)
3.3. Como falar dos valores através da Web 2.0 p. 65
Utilizando os blogues, vamos tentar justificar que o recurso às TIC, com destaque para a Web 2.0, é uma mais-valia que optimiza a educação para os valores. O aprendente age levado pelas suas necessidades psicológicas e sociais e, ao agir, ao exprimir-se, educa-se e desenvolve-se.
p. 67
http://biblioteca.sinbad.ua.pt/Teses/2009001024
Usar blogues dá mais trabalho a professores e alunos
Desenvolvemos um site, o História Nove, no qual gradualmente foram propostas variadas actividades, integrando recursos e diversas ferramentas da Web 2.0 no currículo, proporcionando aos alunos apropriarem-se das actividades e ferramentas tendo, em algumas situações, trabalhado enquanto consumidores de informação e noutras enquanto produtores de informação para a Web.
(…)
A análise dos dados obtidos, ao longo de um ano lectivo, permitiu concluir que embora, inicialmente, alguns alunos mostrassem resistência à metodologia adoptada, com o decorrer do estudo essas resistências foram diminuindo tendo, no final do estudo, revelado que gostaram da experiência e que aprenderam os conteúdos de uma forma mais trabalhosa, mas também mais motivadora.
http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/10678
Um alerta do professor António Quintas Mendes para aquilo que eu acho que sucede frequentemente nos blogues dos EFAs (com os alunos menos empenhados):
A produção final do formando é baseada na cópia não existindo construção de novo conhecimento mas reprodução sintetizada da informação. Os formandos desenvolvem competências teóricas e práticas, em particular a capacidade de análise e síntese de conteúdos, mas não desenvolvem competências críticas.
http://repositorioaberto.univ-ab.pt/handle/10400.2/1439
Li os vossos textos e parecem-me bons pontos de partida, mas gostaria de fazer uma observação. Os blogues nasceram efectivamente como sistemas onde os posts ficam apresentados por ordem inversa à da sua publicação, mas isso neste momento já é irrelevante porque um bom blogue terá de ter (1) um motor de pesquisa interno eficaz e (2) uma nuvem de palavras que permita navegar pelos assuntos do blogue. Com estas features é fácil ensinar os alunos a utilizarem um blogue de recursos sem lhe tocar, desde que esteja feito! Antes da invenção destas features era obrigado a ir buscar lá atrás buscar os posts antigos e republicá-los novamente, porque os alunos não viam o blogue além da primeira página ;) Certamente que se não fossem estas invenções, já teria desistido de fazer blogues. Manteria certamente os blogues como estratégia, mas quando pensasse em recursos faria um site!
Mais uma nota: Depois da pesquisa, creio que mais adequado o PRECONCEITO que o RACISMO, embora este continue incluído no primeiro, como podem ver no vídeo:
http://grupopomar.wordpress.com/2011/05/28/preconceito/